segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Divagando sobre os níveis de consciência

Os três níveis da consciência: Camelo, Leão e Criança. O camelo é sonolento, entediado, satisfeito consigo mesmo. Vive iludido julgando-se o cume de uma montanha, mas, na verdade, preocupa-se tanto com a opinião dos outros que quase não tem energia própria. Emergindo do camelo, aparece o leão. Quando nos damos conta de que temos estado abrindo mão da oportunidade de viver realmente a vida, passamos a dizer "não" às demandas dos outros. Nós nos apartamos da multidão, solitários e orgulhosos, rugindo a nossa verdade. A coisa, porém, não acaba por aí. Finalmente, emerge a criança, nem submissa nem rebelde, mas inocente e espontânea, fiel ao seu próprio ser. ( adaptado de Friedrich Nietzsche - Assim falou Zarathustra)

Ao ler este pensamento, me indaguei em qual dos três níveis me encontro. E cheguei a uma conclusão. Sou uma "criança cameleão".
Tenho momentos onde me importo com a opinião dos outros, acabo esgotando minha energia tentando Ser o que esperam de mim. Em outros, me isolo da multidão, fico rugindo as minhas verdades, fazendo da solidão a minha melhor companheira. E também consigo ser inocente e espontâneo, principalmente quando em contato com a natureza ou as crianças. Me dispo das máscaras, conceitos e pré-conceitos. Simplesmente deixo que meu Ser venha a tona, se liberte.
Nestes momentos simples, Sou, ao invés de tentar ser. Deixo a energia fluir e tomar conta de mim.
Infelizmente, o estado de Criança é o mais complicado de se manter. O meio que nos envolve acaba sufocando este nível, por medo de nos deixar livre, de que ultrapassemos as barreiras impostas pelos costumes.
Lembrei também das diversas classificações que já fizeram sobre quem sou. Já me chamaram de manipulador, prepotente, sábio, iluminado, frio, calculista, sentimental, sensível, utópico, realista, entre tantos outros adjetivos. Fiquei com isso tudo procurando o verdadeiro Carlos, baseado na verdade dos outros. Para cada pessoa e situação, sou um Carlos diferente. A mesma pessoa pode me achar iluminado e prepotente, de acordo com aquilo que ela espera receber.
Já me preocupei muito mais com a imagem que fazem de mim. Hoje entendi que independe da minha vontade a forma como vão me enxergar. Que esta visão está muito mais baseada nas vivências e no querer do outro, do que em quem eu realmente sou.
As ilusões e desilusões de cada um formam a imagem que querem ter de mim. Assim, para alguns sou um anjo, que se transforma num demônio, no exato momento que não realizo os desejos e interesses que lhes convém.
Como o "cameleão" que sou, cheguei a me classificar como esquizofrênico, devido ao julgamento das minhas diferentes personalidades percebidas pelos outros e, depois, me fechava completamente, procurando encontrar a minha verdade, que seria logo colocada para fora, de forma muitas vezes agressiva, tentando provar que era o único que sabia das coisas. Criei várias vezes o meu próprio Tribunal da Inquisição, onde julgava e condenava as bruxas, queimando elas e seus conceitos, de forma impiedosa.
Aos poucos fui adquirindo a visão de que não existe uma verdade. Que as verdades são fruto do ponto de vista de cada observador e, que, como tal, são os dois lados de uma mesma moeda.
A criança começava a ser gerada, lentamente. A opinião dos outros, assim como a minha própria opinião, foram deixando de importar. Meu Ser já não queria mais convencer ninguém e também não se importava com a tentativa dos outros em me convencer. Os conflitos externos, egocêntricos, foram dando espaço a paz de espírito. A aceitação da forma de ser de cada um, me permitia Ser eu mesmo, mesmo que isso acabasse atingindo algumas pessoas.
Já não procuro mais impor a minha verdade, mesmo que em alguns momentos ainda faça isso, pois como disse antes, o processo de gestação da criança é lento.
Deixo que o Pai/Mãe (Universo/Terra) se encarreguem de prover os nutrientes necessários ao desenvolvimento do embrião, procurando assimilar o máximo que me é proporcionado por eles. Permitindo que cada momento seja vivido como uma forma diferente de alimento, mais picantes ou mais frugais, de fácil ou difícil absorção, mas todos cumprindo o seu papel dentro do processo de crescimento deste feto que hoje Sou.


Tenham sempre muita luz, paz, harmonia e Amor.

Carlos Eduardo
Porto Alegre, 25 de outubro de 2010.

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