quarta-feira, 24 de março de 2010

Guerra da vida

Estou lendo um livro bastante interessante que fala sobre a Segunda Guerra Mundial. Cada um dos capítulos deste livro é escrito por uma pessoa diferente. Todos eles de alguma forma participaram deste período negro da História mundial.
A medida que vou avançando pelas páginas, começo a traçar paralelos com o momento vivido na atualidade.
Se na época da Grande Guerra, as armas eram as responsáveis pela destruição de cidades e a dizimação de famílias, hoje mudamos um pouco o tipo de armamento usado. Atualmente a arma mais poderosa é o Poder. A ânsia de dominar, nos dias em que vivemos, é exercida praticamente sem a necessidade do uso de força bruta. Na verdade, em muitos lugares do planeta, isso se faz de forma obscura.
Podemos examinar do micro ao macrocosmo social para verificarmos que esta prática esta disseminada. Os meios de comunicação procuram vender tudo o que podem, usando para isso uma programação empobrecida, dando mais valor as tragédias cotidianas e, inclusive, criando novos padrões comportamentais. Basta sairmos à rua para vermos como os motoristas se comportam no trânsito. Enquanto o bom senso indica que deveríamos sempre proteger os mais frágeis, o que acontece é exatamente o contrário. Para um pedestre atravessar uma rua, ele precisa esperar os veículos e contar com a sorte, pois mesmo onde existem semáforos, estes deixam de ser respeitados pelos cidadãos sentados ao volante. Ônibus e caminhões, que normalmente são guiados por pessoas que se consideram profissionais, costumam ir fechando os veículos de menor parte, promovendo verdadeiras barbáries. Acontecendo o mesmo com os motoristas de automóveis, que acabam descontando em motociclistas e pedestres, e aqui não deixo de destacar que os pilotos de moto são na grande maioria irresponsáveis.
Saindo do trânsito, podemos usar a mesma metodologia em qualquer outra área social. Nas empresas os chefes e superiores descontam nos subordinados, que descontam no pessoal dos serviços gerais, que por sua vez, acabam fazendo o mesmo com os seus familiares. Isso acontece nas escolas também.
Fica quase impossível delimitar onde o processo de brutalização da sociedade teve início. Da mesma forma como é quase impossível destacar o que surgiu primeiro, se o Poder ou a violência.
Uma das coisas que facilmente dá para perceber é que não precisamos estar com armas em punho para estarmos em guerra. Na verdade, no exato momento em que deixamos o útero materno, somos declarados inimigos. E isso independe de classe social, de nacionalidade, de credo ou de sexo. Nos tornamos inimigos simplesmente pelo fato de sermos mais um a precisar sobreviver. Desta forma, ameaçamos a sobrevivência daqueles que querem sempre mais e mais.
Dentre os animais ditos irracionais, isso se chama instinto de sobrevivência, onde a lei do mais forte impera. Mas será que para nós, que nos consideramos seres pensantes, as coisas precisam ser desta forma?
Ainda acredito na raça humana, pois sempre que uma grande tragédia natural assola um país ou uma região, o socorro se apresenta vindo de todos os lugares, mas ainda procuro entender porque precisamos da dor e do sofrimento dos outros para demonstrar solidariedade, quando esta deveria ser uma característica cotidiana.
Poderia continuar escrevendo e, tenho certeza disso, jamais iria conseguir desenvolver tudo o que este assunto merece. Por isso paro por aqui, pedindo aqueles que tiverem acesso a estas linhas para que procurem pensar um pouco na responsabilidade que cabe a cada um de nós enquanto indivíduos.

Muita paz, luz e harmonia sempre.
Porto Alegre, 24 de Março de 2010
Carlos Eduardo