sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Desconstruindo Palavras

Desilusão, preocupação e preconceito.
Pois é. Quantas vezes estas três palavras aparecem no cotidiano de cada um de nós?
A desilusão (des-ilusão) é algo que todo ser humano já passou pelo menos uma vez na vida. Quando separamos ela em duas partes, ou seja, separamos o des da ilusão, percebemos que ela só acontece porque insistimos em nos iludir. Criamos uma imagem de como a coisa (pessoas, empregos, fatos) deveriam ser e, como elas não se enquadram perfeitamente bem na nossa projeção (ilusão), acabamos nos iludindo. Posso citar uma série de exemplos. O político que durante a campanha vai nas vilas/favelas, come em restaurante de 1 real, pega crianças de rua no colo, promete que vai acabar com a fome, a miséria, a corrupção, entre tantos outros males que afligem o povo, só que depois de eleitos, este mesmo político acaba esquecendo das promessas (ilusões) que fez. Jamais volta a pisar numa favela, a não ser que seja para inaugurar alguma obra ou então para tentar a reeleição. Colocaria no mesmo rol as campanhas publicitárias, onde se vincula a imagem de um produto com o sucesso, se beberes tal cerveja vais ser melhor que os outros ou se comprares tal roupa, os homens ao ficar babando por ti. Encheria páginas e mais páginas dando exemplos de ilusões criadas, as quais, na grande maioria dos casos acaba se transformando, mais cedo ou mais tarde, em uma desilusão. Quem nunca se apaixonou por outra pessoa e criou um ser sobrenatural? E a medida que o relacionamento foi se desenrolando, se sentiu desiludido?
Só pode se desiludir quem se iludiu. E aqui queria chamar a atenção para um fato que muitos não se dão conta. Normalmente relacionamos a desilusão a uma coisa ruim, mas não necessariamente tinha que ser. Só que como estamos tão arraigados nos preconceitos, dizemos simplesmente que nos enganamos. Muitos já devem ter passado por esta situação, na qual vamos fazer alguma coisa que não queríamos e depois de feito percebemos que aquilo que fizemos era maravilhoso. Não pensamos que nos desiludimos por achar que aquilo era ruim e vimos que era algo bom, mas se analisarmos friamente, foi exatamente o que aconteceu, uma desilusão positiva.
Já que falei dos preconceitos(pré-conceitos) arraigados, vou aproveitar a deixa. Com quantos preconceitos é formada a nossa visão de Mundo? Quando somos crianças, vários conceitos estabelecidos pelos outros nos são transmitidos como sendo a Verdade Absoluta. Vejamos o caso da visão que existe em muitos países sobre o Brasil. Nós somos o país do carnaval, do futebol e da bunda (mulheres semi-nuas ou nuas, que só valorizam o seu corpo). Será que o Brasil realmente é só isso? Podemos pensar também numa das máximas sobre a política - político é tudo safado. Sei que a grande maioria é, mas não é justo colocarmos todos no mesmo saco.
Ao transmitirmos determinados valores as nossas crianças, estamos criando seres preconceituosos. Falo isso pois já passei por situações em que andava na rua, numa noite quente, de chinelo de dedo, bermuda e camiseta, no sentindo contrário vinha uma mulher (ou mais de uma) e a primeira reação dela(s) ao chegarem mais perto é abraçar a bolsa, com medo de serem roubadas, deixando bem claro que homem de chinelo de dedo, bermuda e camiseta é assaltante/ladrão (pré-conceito).
Muitas vezes estamos cheios destes preconceitos, mas se nos perguntam se somos preconceituosos, dizemos que não, inclusive tendo aqueles "brancos" que dizem que tem muitos amigos negros (quer mais preconceito do que isso?). Por falar nisso, lembrei de uma experiência que passei. Fui almoçar na casa da família de uma ex-namorada. A empregada depois que eu sai perguntou a vó desta ex se ela não achava ruim a guria namorar um negro? Detalhe, ela, a empregada, era negra.
Peço desculpa se não estou sendo politicamente correto, usando negro ao invés de afro-descendente, mas não me preocupo com este detalhe, por achar que ele só cria mais preconceito ainda.
E, por falar em preocupar...rsrsr Ou melhor, pré-ocupar.
Quem nunca se preocupou com algo na vida?
É o filho que sai a noite e a mãe fica acordada até ele voltar, pré-ocupada se ele vai chegar bem, se vai beber muito, com quem anda, onde anda, etc..
Quanto tempo perdemos nos preocupando com coisas? Sendo que normalmente estas preocupações são infundadas. Já sei, vão me dizer que da maneira como as coisas andam, precisamos nos pré-ocupar muito, com tudo. Será mesmo?
Vai adiantar eu perder noites e mais noites de sono, ruminando sobre os problemas ou sobre contas a pagar? Conheço casos em que esta pré-ocupação só piorou a situação, pois a descarga continua de energia tóxica liberada nestas situações enfraqueceu tanto a pessoa que ela adoeceu, perdeu o emprego e acabou, com isso, agravando mais ainda o problema.
Tudo bem, não fomos educados(adestrados) para entender que até mesmo as situações ruins são um aprendizado. Sempre tentaram nos mostrar que a vida é uma novela ou um conto de fadas. Nos transmitiram vários conceitos(pré-conceitos) e ilusões(que viraram des-ilusões), mas não precisamos passar o resto da nossa vida presos aquilo que nos foi dado de herança.

Tenham muita paz, luz, harmonia e Amor em suas vidas.
Carlos Eduardo
Porto Alegre, 10 de setembro de 2010.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Divagando sobre Eu mesmo

Me aconteceu algo muito interessante esta madrugada. Tive um sonho que está me fazendo entender muitas coisas da minha vida.
Prefiro não comentar sobre o sonho, mas sinto a necessidade de colocar para fora os insights que surgiram depois dele.
Estava tomando banho e comecei a lembrar de fatos do passado, coisas da minha infância, da adolescência e o início da minha fase adulta, é claro que com isso, abriu-se a porta que me deu acesso até o dia de hoje.
Com as lembranças, me veio a explicação do porque de eu ser tão crítico em relação aos costumes e hábitos.
Durante a infância, criei uma figura que se transformou num super-herói. Nesta fase praticamente todo ser humano tem uma figura humana que ele considera como o seu super-herói. No meu caso esta figura se apresentava no meu pai.
Já na adolescência, com alguns acontecimentos que me fizeram ficar extremamente triste, perdido e desamparado, precisei criar um outro personagem, só que neste caso, além de ser o roteirista,também assumi o papel de protagonista. Passei a ser o super-vilão. Aquele que tinha que combater o super-herói e, consequentemente, todos os super-heróis do Mundo (sistema político, sistema financeiro, materialismo,...).
Como "bandido", necessitava chocar a grande maioria, cometer meus "crimes" e, assim, desafiar as "leis".
Sei que algumas pessoas ao lerem isto vão discordar, vão pensar que sou bonzinho, que penso nos outros, que ajudo. Mas eu poderia fazer tudo isso sem precisar atacar os conceitos aceitos e praticados pela maioria das pessoas.
Percebi que para se construir uma nova base, não precisamos necessariamente destruir tudo o que existia antes. Podemos aproveitar muito do material já existente, reforçando a estrutura com coisas novas.
Poderia ter invertido os papéis, colocado os outros como os vilões e eu como o mocinho, só que se eu fizesse isso, estaria perdendo uma parte do ambiente que se descortinou na minha frente.
Magoei algumas pessoas, principalmente aquelas que estavam mais próximas, que mais me deram Amor. Fiz isso na maior parte das vezes de forma inconsciente, agindo como normalmente agimos, pois na grande maioria dos casos acabamos "atacando" as pessoas que sabemos que mais facilmente vão nos perdoar. Só que em diferentes oportunidades acabei agindo para chocar mesmo, intencionalmente, querendo ferir.
Peço desculpas pelos danos causados aos outros e, principalmente, peço perdão a mim mesmo por ter vivido este personagem durante tanto tempo.
Sempre procurei justificar a minha forma de ser usando os erros que outros cometeram no meu passado. Hoje percebi que o único erro foi eu ter acreditado que precisava me vingar e, não somente de quem errou, mas de tudo aquilo que representa o Poder.
Sinto como se tivesse tirado um peso enorme dos meus ombros. Sei que terei que me esforçar bastante para voltar ao meu caminho, mas também sei que o fato de não usar mais um personagem para seguir adiante, de poder ser realmente Eu mesmo, vai facilitar bastante o restante da jornada que tenho neste corpo físico.
Agradeço profundamente a todos aqueles que fizeram e fazem parte da minha vida.
Desejo muita luz, paz, harmonia e Amor sempre.


Carlos Eduardo

Porto Alegre, 7 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Fórmulas e rótulos

A cada dia que passa, mais e mais eu me convenço que a vida é uma grande surpresa.
Já perdi as contas de quantas vezes expus meus ideais e pensamentos e, na maior parte das vezes, fui chamado de utópico e sonhador por muitos. E passado um tempo, recebo várias mensagens destas pessoas falando sobre as minhas utopias, só que do ponto de vista de outros autores.
Talvez pelo fato de eu não me intitular filósofo ou pensador, ou mesmo escritor, jornalista, poeta, eu seja utópico. Mas os "famosos" não são, eles são formadores de opinião.
Percebo que a mensagem só passa a ter valor quando transmitida por alguém conhecido da massa. Assim se quem escreve é a Martha Medeiros ou o Luís Fernando Veríssimo, Platão, Sócrates, Arnaldo Jabor,Roberto Shinyashki, entre tantos outros, a mensagem passa a ter valor, mesmo quando muitas vezes se utilizaram do nome deles para tentarem vender a mensagem mais facilmente. Já por ter sido escrita pelo Carlos Eduardo, um João Ninguém sem diploma na parede, sem coluna de jornal, espaço na tv ou livros publicados, é apenas um sonho de uma noite de verão.
E, apesar disso, continuo sonhando. Cada vez mais acredito que a vida é muito melhor do que esta vida que levamos. Continuo achando que o Ser é muito mais importante do que o Ter. Com certeza algumas das minhas idéias não são inovadoras, nem muito menos autênticas, mas continuam fazendo parte do meu modo de perceber as coisas.
Quantas fórmulas prontas nos são repassadas sobre o Segredo, sobre a melhor maneira de viver, ou então, em como transformar a sua vida numa eterna felicidade. Só que estes que passam estas fórmulas esquecem (propositadamente) de dizer que somos diferentes e, que por isso, precisamos encontrar a nossa própria fórmula.
Existem muitos exemplos de sucesso, o que torna alguns livros, filmes e terapias em verdadeiros Best Sellers, levando seus autores a realmente terem o sucesso que apregoam. De uma forma um tanto torta, pois este sucesso é obtido através do engano de uma multidão de pessoas, que acreditam nestas fórmulas "mágicas", prontas.
Muitos esquecem que aqueles que realmente atingiram o sucesso jamais venderam uma fórmula, eles apenas se limitaram a abrir um leque de opções, criando diferentes caminhos. Estes se apegavam a uma pequena palavra, da qual extraiam tudo o que se necessita. Usaram o Amor para tocar os corações dos outros, sem se preocuparem com o lucro que iriam obter. Poderia citar Jesus Cristo, Buda, Madre Tereza, Chico Xavier e muitos outros casos. E citando os seus nomes, lembro que depois deles surgiram instituições que utilizaram seus ensinamentos visando obter vantagem, procurando dominar a população.
Se me perguntarem a fórmula ideal, eu realmente não saberia dizer. Já se me perguntarem o ingrediente, este eu diria que é o Amor.

Tenham muita paz, luz, harmonia e Amor em suas vidas, sempre.

Carlos Eduardo

Porto Alegre, 5 de setembro de 2010.