quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Divagações Perdidas 2

Limitações
Será que alguém se preocupa com o fato de sermos tão limitados, mesmo quando temos todo o poder necessário para realizar o que quisermos?
Entendo que as limitações começam exatamente no momento em que se descobre que uma mulher está grávida. Neste instante, o novo ser que está se formando, já recebe as primeiras cargas de projeções: "Vai ser um(a) menino(a).", "se for menino, vais ser jogador de futebol (médico, advogado,...)." ou " se for menina, ela será modelo (miss, empresária).
Logo que nascemos viramos: "O(a) queridinho(a) do papai", "O(a) lindinho(a) da mamãe", "coisinha fofa do vovô(ó)", e por aí vai. Sem esquecermos que nosso corpo nunca é nosso, pois: "é a cara do papai (mamãe)", "os pézinhos são da vovó(ô)", "o furinho no queixo é da família tal",...
Aprendemos a engatinhar e lá vai: vem pro papai; não coloca isso na boca; cuidado com a mesa; não mexe na decoração da mamãe. Neste momento, o não vira a palavra que mais se ouve, sempre acompanhado pelo verbo fazer. Como o fazer é o verbo da ação pode significar muitas coisas(tocar, mexer, se aproximar), passamos a ficar sem ação, pois normalmente nos é dito para "não fazer".
Percebo que criamos aquilo que eu chamo de Mantra Limitador, pois simplesmente os "adultos" nos ditam o que devemos fazer e nos impedem de fazer aquilo que queremos (descobrir o Universo ao nosso redor).
Junto desta fase, onde aprendemos a nos locomover, vem a fase da dicção, quando aprendemos a nos comunicar. E mais uma vez nos dizem o que devemos falar: "fala papai/mamãe", "chama o vovô/vovó". A medida que vamos aprendendo as primeiras palavras, viramos motivo de piada, pois não temos total domínio da nossa dicção e falamos muitas coisas de forma incorreta.
O tempo passa mais um pouco, e estamos sendo mandados para a creche ou escolinha. Desta fase até sairmos para a faculdade as coisas ficam piores, pois aí somos tratados como se estivéssemos numa linha de montagem. Todos recebem a mesma atenção, o aprendizado é feito de conteúdos, que até hoje eu não entendo por que, não se adaptam aos alunos, bem pelo contrário, os alunos que tem que se adaptar as matérias.
Deixamos de lado as características de cada indivíduo, automatizamos o ensino. Ao invés de estimular os dons naturais de cada ser, podamos eles, desligando a criança da sua essência, limitando suas opções.
Quando muitos chegam na adolescência, começam a surgir os problemas. Mas aí a culpa é da criança. É muito comum se ouvir os pais dizerem sobre seus "filhos problemas": não sei pq ele é assim, demos tudo o que queria, foi criado com muito carinho... e não conseguem perceber que realmente fizeram tudo isso, deram uma baba (avó, avô, computador, televisão, videogame), pagaram para outros darem carinho, não permitiram que a criança se auto-conhecesse...

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