sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Violência

Estava aqui dando uma arrumada no apartamento. Normalmente procuro deixar os pensamentos soltos enquanto faço isso. Permito que eles me mostrem o que os meus Amigos acham mais conveniente.
Me voltou à cabeça um fato que aconteceu alguns dias atrás. Eu estava saindo do apartamento onde minha mora e estavam entrando alguns vizinhos no prédio. Duas crianças com a mãe. Como tem sido um costume que adotei ultimamente, abri um sorriso e cumprimentei eles. Nisso a menininha olhou para mim e falou assim: Oi tio que eu não sei quem é, me diz por que tu estás sempre assim, e escancarou a boca imitando meu sorriso. De início me deixou sem reação, mas rapidamente respondi que estava sempre sorrindo porque eu me sentia feliz como eles dois. A mãe ficou desconsertada e comentou que não sabia de onde as crianças costumam tirar estas perguntas. Me despedi deles e segui meu caminho.
Após este fato, fiquei pensando no que aquela pequena pessoa me disse. Percebi que realmente tenho me permitido expressar mais o meu sorriso, até porque me sinto mais leve comigo mesmo.
Enquanto procurava racionalizar o que tinha ocorrido, claramente eu via que a percepção pura das crianças é trocada na medida que vamos ficando mais velhos por uma percepção embotada.
Basta vermos o que ocorre com a maioria das pessoas a medida que envelhecem. Perdemos o dom de acreditar nos outros, de confiar no Ser Humano. Deixamos que os pré-conceitos assumam o papel de juízes da nossa consciência.
Lembro de ver as pessoas falarem diariamente da violência que toma conta do Mundo e, vejo diariamente "especialistas" das corporações de segurança dando dicas de como devemos nos prevenir. Só que infelizmente estas mesmas corporações acabam criando um problema muito mais grave, principalmente aos homens. É algo bastante comum vermos homens entre 18 e 40 anos serem abordados de forma violenta na rua por policias, estes normalmente fortemente armados. EU já passei por 3 abordagens deste tipo e digo por experiência, é algo que revolta.
Fui considerado um potencial criminoso simplesmente pelo fato de ser homem e de estar num bairro que faz divisa com uma vila (bairro Cristal e vila Cruzeiro do Sul). Em nenhuma das abordagens os agentes da lei se lembraram dos meus direitos básicos e, tampouco, se desculparam pela atitude violenta assumida por eles durante as abordagens. Em todas elas tive no mínimo 3 armas apontadas para mim, como se eu já tivesse sido condenado.
A medida que escrevo isso, lembro de outras coisas pelas quais já passei, tais como estar esperando uma lotação na noite, no mesmo bairro e, estas não pararem para mim, ou então de estar caminhando na rua e cruzar por alguém, principalmente mulheres, e estas se grudarem nas bolsas, esconderem sacolas, como se estivessem se protegendo de um possível ataque. Já fui seguido por segurança de shopping, simplesmente porque entrei no shopping para comprar cigarro em pleno verão de bermuda, camiseta e chinelo de dedos.
Estas pessoas vivem com medo. Criam bandidos onde não existe e depois reclamam quando são assaltados, mas não percebem que estão passando uma informação a nível energético de que elas "precisam" alimentar a violência.
Alguns simplesmente julgam os outros pela maneira simples de serem e de se vestirem, mas esquecem que os maiores bandidos normalmente usam ternos caríssimos, vestidos de grandes estilistas. Estes bandidos quando praticam seus delitos acabam não atacando uma pessoa, ou grupos pequenos, mas influenciam na vida de milhares, para não dizer milhões de pessoas. Outros bandidos se escondem atrás de uma farda ou de um distintivo, e como são considerados agentes da lei, normalmente passam incólumes pelos atos que praticam.
Se realmente as pessoas se preocupassem com a violência, entenderiam que a maior violência consiste em viver se escondendo, em se aprisionar pelo medo. Para estas mesmas pessoas existe uma solução muito simples, mas que normalmente não é aceita, pois para elas tudo isso que se chama de violência não é sua responsabilidade. Só que elas não percebem que enquanto continuarem vibrando o medo, estarão atraindo o que não querem. Mas é muito mais fácil julgar os outros do que assumir uma postura e se trabalhar para erradicar este sentimento de dentro delas mesmas.

Muita paz, luz e harmonia a todos.
Um grande abraços e beijos.
Carlos Eduardo

Porto Alegre, 13 de Novembro de 2009.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Eu estava aqui deixando os pensamentos viajarem e daqui a pouco me lembrei de algo que eu sempre pensava quando era crinaça.
Muitas vezes eu ficava tentando imaginar o que eu seria quando o ano 2000 chegasse. Na época eu pensava que com 28 anos de idade, estaria vivendo de forma tranquila.
Normalmente me via como tendo tudo aquilo que meu pai dizia ser importante, coisas como um bom emprego, dinheiro, casa própria, casa na praia, um ou dois carros, enfim, tudo aquilo que o dinheiro pode comprar.
A medida que os anos dois mil se aproximavam, as minhas idéias me mostravam que estas coisas não eram tão importantes assim. Eu queria apenas seu Eu mesmo. Já sabia que no meu interior algo maior crescia e me fazia perceber que o material não era tudo o que eu precisava.
Mesmo que por vias tortas, tentava encontrar uma forma de satisfazer o meu Ser. Vivia num conflito muito grande, pois ainda não tinha maturidade o suficiente para entender que meu caminho não era seguir a multidão, apesar de ter que conviver com a "pressão" exterior.
Lutava para defender meus ideais. Mas não percebia que esta luta só me deixava sem forças para seguir o meu caminho.
Até hoje ainda passo por momentos em que me questiono se realmente estou certo, apesar de hoje ter noção de que o certo e o errado não existem. Ainda enfrento algumas batalhas internas, pois para os padrões sociais, sou considerado sonhador e acabo me deixando levar pela força dos julgamentos exteriores.
Quanto mais vou encontrando dentro de mim as respostas que necessito para viver em paz, mais as cobranças aumentam. Só que ao invés de isto me tirar as forças me fazem perceber que realmente estou no caminho certo.
Muitas vezes achei que eu estava errado e, sempre que isso acontecia, o Universo me dava um sinal de que o meu erro era deixar de acreditar em mim mesmo.
Sei que ainda tenho muito o que caminhar, que ainda vou tropeçar nas pedras do caminho, mas também sei que sempre que isso acontecer, surgirá um sinal para me ajudar a ter forças de levantar e seguir adiante.
Apesar de estar no início da minha jornada, consigo olhar para trás e ver que as pegadas que ficaram para trás estão sendo úteis para que outros possam seguir com mais facilidade pelos seus próprios caminhos.
Estava lendo um texto que fala sobre o fluir da vida e, lembrei de algo que é dito com muita frequência. Sempre que queremos fazer uma figura de alguém que evolui, dizemos que este está subindo a montanha. Mas ao terminar de ler este texto, percebi que o meu caminho não é para cima e sim para baixo. Que o meu trajeto é como o da água, que desce a montanha para se juntar com a água dos oceanos e rios. Quando subimos a montanha nos distanciamos do Todo, mas quando descemos a montanha, nos unimos ao Todo. Somos parte do Todo.
Cada vez mais me sinto assim, mesmo que eu tenho uma visão completamente diferente da vida. Me sinto como se eu estivesse cada vez mais próximo de ser e de estar no Todo. Pode parecer estranho para muitos isso, mas aos poucos, me sinto mais ligado ao Universo, pois compreendo que apesar das diferenças, tudo o que existe é parte da mesma Energia.
Hoje consigo ver meu erros como forma de aprendizado, apesar de ainda não ter aprendido com alguns deles e continuar cometendo estes mesmos erros. Sei que toda a dificuldade que apareceu durante meus primeiros passos foram necessárias para que eu conseguisse entender o significado da minha missão. E agradeço por ter passado por cada momento difícil, pois somente com eles consegui chegar aonde cheguei.
Se escrevo estas coisas não é por que eu queira servir de exemplo para ninguém, mas é apenas a forma que encontro de compartilhar uma parte de mim, ao mesmo tempo em que aproveito para agradecer ao Universo por todas as pessoas que cruzaram a minha estrada e que me ensinaram a ser cada vez melhor.

Abraços e beijos
Muita paz, luz e harmonia sempre.
Carlos Eduardo

Porto Alegre, 13 de novembro de 2009.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

dualidade

Hoje recebi um email que tratava sobre o que é certo e errado. Falava do filme que fizeram em homenagem ao Cazuza.
Como este foi texto foi escrito por uma psicóloga, vinha cheio de adjetivações, criticando a forma como criaram um mito em cima de uma pessoa perturbada.
Fiquei pensando na mensagem que a profissional tentou passar. Em partes concordo com ela. Vivemos uma enorme crise de valores e, com isto, qualquer um pode ser transformado em herói.
Acredito que mesmo que a conduta de alguns destes mitos não seja aceita pela maior parte da nossa sociedade, isso só acontece porque ainda vivemos numa sociedade hipócrita.
É comum a gente ver pessoas se dizendo defensores da moral, mas que quando precisam usar esta mesma moral, acabam deixando de lado este conceito.
Poderia desfilar uma série de exemplos aqui, mas creio que isso não seja necessário.
Me choca muito perceber como na maior parte das nossas vidas vestimos uma toga e saímos por aí julgando a tudo e a todos. Dizendo que isto é certo ou errado, que isso pode ou não.
Infelizmente, esquecemos de olhar para a questão mais simples. Se criamos o certo, é porque existe o errado. Sem um, o outro deixa de existir. Esta dualidade esta arraigada no Ser Humano.
Quando dizemos que algo é bom, estamos comparando este algo com uma coisa que julgamos ruim, mas, com isso, esquecemos que simplesmente as coisas são.
Recebi um email falando sobre o radicalismo do islã, mais precisamente do Hamas, que proporcionava casamentos entre homens acima dos 20 anos com meninas entre 4 e 10 anos de idade. As imagens são chocantes, mas o mais chocante é saber que isso muitas vezes acontece ao nosso lado. Sabemos que muitos pais abusam dos filhos, assim como isso acontece também dentro da Igreja Católica. E, nem por isso chamamos estes de radicais. Mas como o casamento era coletivo e patrocinado pelo Hamas, vinha a classificação de ser um grupo extremista.
Não estou de forma dizendo que isso é certo, assim como também não digo que seja errado. Apenas digo que isso acontece em diferentes lugares. Não é algo exclusivo de uma "religião", de um "povo", mas do Ser Humano.
Crucificar um grupo pelo que eles acreditam só gera mais violência. Mas, quando procuramos dentro de nós mesmos os motivos que levam a estes grupos tomarem determinadas atitudes, percebemos que de alguma forma, isso só acontece porque somos Seres imperfeitos.
Procuro olhar esta crise moral que estamos atravessando com uma visão mais positiva, tentando perceber que para que exista a Luz, primeiro foi necessário a existência das Trevas.
Para que consigamos evoluir, precisamos colocar para fora todo o lixo que carregamos no nosso interior. Pois se quisermos evoluir carregando uma bagagem pesada, não chegaremos a lugar nenhum.
Converso com muitas pessoas que me dizem que andam cansados de ficar correndo atrás da vida, que não tem tempo para nada, além de ganhar dinheiro, que este sistema no qual vivemos é injusto, mas na hora de fazerem sua parte, fazem exatamente o que os outros fazem. Continuam alimentando este mesmo sistema. Aí me dizem que precisam fazer isto, que se não fizerem isso, simplesmente serão engolidos, mas não percebem que já foram engolidos e, agora simplesmente estão sendo expelidos.
Sei que para muitos sou um sonhador, alguém que vive de ilusões, mas isso realmente não me importa. Pois como eu digo, se dentro dos meus sonhos e ilusões eu conseguir semear alguns corações, me sentirei muito gratificado.
Muita paz, luz e harmonia sempre.
Beijos e abraços.
Carlos Eduardo

Porto Alegre, 10 de novembro de 2009