terça-feira, 7 de junho de 2011

Divagando sobre leis absurdas

A cada dia mais me surpreendo com a capacidade da classe política em criar leis absurdas.
Aqui no Rio Grande do Sul, um digníssimo deputado estadual criou um projeto de lei para acabar com o estrangerismo na linguagem escrita.
Isso me levou a pensar em três coisas que devem ter escapado ao douto representante do povo.
A primeira é que nós, Gaúchos, acoplamos ao nosso dialeto muitos termos provindos dos nossos hermanos, sendo que o próprio termo "Gaúcho" é de origem castelhana. Seguindo a linha de raciocínio deste, deveríamos deixar de ser Gaúchos para sermos Rio Grandenses.
O segundo ponto que o egrégio Deputado deixou de lado é que nossa língua dita oficial também não nos pertence. Teríamos que retornar aos bancos escolares para aprendermos o Tupi-Guarani e suas vertentes. O português é uma língua estrangeira que nos foi empurrada goela abaixo pelos nossos colonizadores. Sendo que o próprio português é repleto de estrangeirismos, uma vez que nele existem muitas palavras oriundas do latim, entre tantas outras línguas.
E por último, fico imaginando como as diferentes colônias aqui existentes, entre elas as italianas, alemãs e japonesas, iriam se comunicar. Uma vez que entre os seus pares, eles utilizam os dialetos oriundos de seus países de origem.
Seria interessante que este Senhor começasse esta lei, modificando o nome do seu próprio partido, uma vez que ele pertence ao Partido Comunista do Brasil e o comunismo é uma forma de pensamento estrangeira.

Carlos Eduardo
Porto Alegre, 7 de junho de 2011.

Tenham sempre muita luz, paz, harmonia e Amor.

Divagando sobre gatos e cão.

Buenas, depois de um longo período de silêncio, resolvi divagar um pouco.
Curiosamente, esta deveria ter sido escrita ontem, mas por algum motivo tentei escrever e não saia nada.
Estava pensando em escrever sobre o comportamento humano, suas semelhanças com o dos outros animais, mas enquanto "maturava" a idéia, lembranças começaram a se avolumar na minha cabeça.
Tive um cachorro que era bem apegado comigo, talvez porque fosse eu quem fazia comida para ele e passava bastante tempo brincando e conversando com ele.
Este cachorro, quando tinha roupas no varal e ninguém em casa, escolhia entre as roupas de toda a família as minhas, puxava elas da corda, embolava tudo e depois se deitava. Nisso perdi algumas que se rasgavam quando ele puxava elas.
Lembro também que diversas vezes encontrei filhotes de gato abandonados ao lado da casa em que morávamos. Era algo curioso. Nesta época, minha vó ainda era viva. As vezes estava todo mundo em casa e daqui a pouco eu sumia. Ouvia o miado fininho de algum filhote e ia a caça dele. Cheguei a encontrar três juntos, uma gata e dois machos, os quais ficaram com a gente por um bom tempo.
A gata, quando estava para parir, normalmente escolhia lugares onde ela se sentia protegida, sendo que algumas vezes foi o meu guarda-roupa ou o da minha mãe.
Pois é, quando me lembro do Apolo, o cachorro, sempre me surge um dos dias mais tristes da minha vida.
Devido a idade, ele começou a desenvolver uma série de tumores pelo corpo, sendo que um dos últimos foi exatamente na cabeça. Formou um calombo na parte de cima. Aos poucos ele foi ficando bravo. Atacava até mesmo as pessoas que cuidavam dele, poucas vezes a mim, mas mesmo assim me atacava.
Depois de alguns anos de sofrimento, uma veterinária disse que o melhor seria sacrificá-lo, até porque ele já não aguentava mais a dor. Tinha dificuldade de comer, caminhar e dormir.
A veterinária foi com seu ajudante para fazer o sacrifício lá em casa. Começou a preparar tudo. Como eu era apegado demais a ele, preferi não ver.
Só que para minha surpresa, meu pai me chama. Havia um problema. Os ditos profissionais não tinham pego nada para imobilizar o animal antes de dar a injeção.
Acho que senti mais tristeza neste dia pois tive que tirar meu cinto. Chegar no Apolo, conversar com ele, passar o cinto pelo pescoço dele e imobilizá-lo. A medida que ia fazendo isso, meus olhos se encheram de lágrimas. Como sou bem impulsivo, enquanto fazia todo este ritual, chamava a veterinária de todos os palavrões possíveis e imagináveis.
Mesmo sabendo que o que estava sendo feito era para diminuir o sofrimento do animal, me senti um bandido, pois estava traindo um dos meus grandes amigos e companheiro.
Agora mesmo, só de lembrar disso, os olhos já se encheram novamente de lágrimas.
O processo todo deve ter durado uma meia hora, mas foi uma das meia horas mais demoradas que vivi.
Hoje sei que precisei passar por isso, que esta experiência foi uma forma de me libertar de outra dor que eu carregava comigo, ou de pelo menos facilitar o entendimento sobre o que me fazia sentir tanta dor. Talvez um dia eu consiga escrever sobre isso.

Carlos Eduardo
Porto Alegre, 7 de junho de 2011.

Tenham sempre muita luz, paz, harmonia e Amor.