segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Divagando sobre a humanização de Deus e a deidificação de Homens

Vejam como a vida tem muitas coisas para nos ensinar.
Estava no banho. Da mesma forma que a água caia sobre mim, mas sem permanecer parada, minha mente girava num turbilhão de pensamentos, sem que estes ficassem ali alojados por muito tempo.
Depois de pronto, venho ler meus e-mails e me deparo com um que tem ligação direta com muitos dos pensamentos que fervilhavam.
Este e-mail é de um grupo ecológico, entitulado A Vingança da Mãe Natureza. Nele, é feita a apresentação das variadas catástrofes ambientais que tem se abatido sobre o Planeta.
Pela minha cabeça desfilaram várias das leituras que já fiz, onde em muitas delas acabamos humanizando Deus e deidificando Homens.
Quando falamos na vingança da natureza, estamos dizendo que Deus está se vingando de nós. Transformamos Ele em uma pessoa vingativa, malvada e sem nenhum Amor por sua criação.
Também fazemos isso quando perguntamos para Ele por que determinada "tragédia" se abateu sobre nós. Como quando descobrimos uma doença grave ou, então, quando perdemos alguém querido.
Esta humanização de Deus se dá também dentro de muitas religiões e também pode ser verificada em diferentes tetos mitológicos.
Quando os seguidores de determinada crença conclamam seus pares para uma Guerra Santa, estão dizendo que Deus quer que matemos aqueles que discordam da nossa posição. Da mesma forma acontece quando é dito que aqueles que não forem puros vão para o Inferno e de lá nunca sairão, sendo condenados eternamente aos tormentos.
Muitas civilizações antigas praticavam a oferenda de vidas humanas como forma de aplacar a fúria dos deuses ou para garantirem uma boa colheita, sinalizando que os deuses eram mercenários que só aceitavam sangue como pagamento.
Já em contrapartida, criamos figuras santas de Homens que foram extremamente iluminados.
Analisando friamente muitas das religiões e crenças existentes, verificamos que para torná-las Superiores se dividiu uma mesma pessoa em duas. Sendo uma delas a humana e a outra a mítica. Falando de forma mais direta, basta que olhemos para a figura de Jesus Cristo. Um homem simples, cercado de muitos fatos mágicos. A mãe foi inseminada pelo Espírito Santo. A imagem "vendida" Dele é de um homem branco, de olhos e cabelos claros, contradizendo completamente as características físicas do restante da população da região .
Da mesma forma criaram a figura de Buda. Um humano que chegou a iluminação e deixou de ser humano.
E assim veremos outras pessoas que foram elevadas a um patamar onde elas mesmas nunca se colocaram. Até porque a principal característica destes sempre foi a humildade.
Estes Seres deixaram muitas mensagens e lições, sendo que eu creio que as mais importantes são: viva com Amor e todos somos irmãos.
Mesmo que não sejam ensinamentos fáceis de praticar, tenho procurado exercitá-los, para que assim eles se tornem algo rotineiro na minha vida.

Muita paz, luz, saúde e Harmonia sempre.
Carlos Eduardo

Porto Alegre, 27 de setembro de 2010.

Divagando sobre a felicidade

Fico impressionado com o Poder enorme que outorgamos aos outros.
Já perdi as contas de quantas vezes me disseram que eu sou o motivo para que alguém sofra, ou que, ao contrário, faço com que a pessoa consiga ser feliz.
Também já coloquei este mesmo Poder nas mãos dos outros e, não só na mão de outros, como também nas coisas.
Sei que em termos de pessoas, a coisa é mais complicada. Que realmente existem pessoas que trazem tanta luz ao nosso caminho, nos dando mais forças para seguir em frente, assim como também existem aqueles que são verdadeiros vampiros, sugando toda a nossa energia e nos colocando para baixo. Mas, estas situações só acontecem porque nós mesmos permitimos isso.
Quando colocamos no exterior a responsabilidade pelas nossas emoções e sentimentos, abrimos mão de controlar a nossa própria vida.
Ficamos projetando o nosso bem estar como sendo algo que somos incapazes de trabalhar e, com isso, procuramos no mundo exterior uma forma de fechar o buraco que trazemos dentro de nós mesmos.
Muita gente já me disse que não consegue viver sem ter um amor, que precisam de alguém do lado para lhes dar vida. Como se o outro fosse um balão de oxigênio, sem o qual não conseguem respirar.
Me lembro de quando era criança. Certa vez eu havia ganho do meu dindo um presente de Natal. Era um helicóptero preso por uma haste metálica a uma base. Tinha um bonequinho dentro de um barco. O objetivo o brinquedo era resgatar o bonequinho, usando o helicóptero.
Adorei o presente, fiquei muito feliz. Neste dia estávamos brincando eu e meus dois irmãos. Meu irmão do meio ficava pulando a cada volta que o helicóptero fazia. Só que num dos pulos ele errou e quebrou o meu brinquedo. Acho que este foi o primeiro momento da minha vida em que tive contato com a tristeza. Todos tentavam me consolar. Mas era impossível. Passei da extrema alegria a uma tristeza profunda em questão de pouquíssimas horas.
Nem sempre na nossa vida as sensações variam de forma tão rápida, podendo em alguns casos durar anos cada um dos extremos. Como minha felicidade estava ligada aquele brinquedo, ela teria um tempo limitado de duração. Ao analisar isso hoje, percebo que muitas vezes agi da mesma forma depois de adulto. Isso acontecia com relacionamentos, dinheiro, saúde e tudo que me cerca. Enquanto o brinquedo funcionava, eu era feliz. Quando ele quebrava, a tristeza assumia o controle, até que um novo brinquedo surgisse para me fazer feliz.
Tenho trabalhado bastante isso internamente. Procurado dentro de mim a felicidade, mesmo nos momentos de tristeza. Não é algo muito fácil, mas voltando a criança, também não era fácil começar a falar, caminhar, andar de bicicleta, ler ou escrever.
Aprendi algumas lições com isso. Entendi que a felicidade não está ligada ao que se tem ou a quem se tem (até por que não me considero dono de ninguém), mas sim a forma como assimilamos as diferentes experiências que vivemos.

Tenham muita luz, paz, harmonia e Amor sempre.
Carlos Eduardo

Porto Alegre, 27 de setembro de 2010.