segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Divagando mais uma vez...

Pois é, depois de algum tempo sem divagações, estou de volta.
Estamos chegando numa época do ano que deveria ser de reflexões, mas que infelizmente se transforma em algo completamente comercial.
Todos os grandes fabricantes e comerciantes já estão atacando com seus comerciais de Natal. A maioria coloca uma mensagem bonita, cheia de significado, e aproveita para embutir os seus produtos, desvirtuando completamente a mensagem que transmitiram.
A sede de lucro que contamina a sociedade acaba criando este tipo de contradição.
Até alguns anos atrás, um eletrodoméstico tinha um tempo de vida útil de algumas décadas, muitas vezes passando de uma geração para a outra. Hoje em dia, a duração destes bens é um pouco maior que o prazo da garantia (para que a pessoa não possa pegar outro novo pela garantia e assim ganhar um novo prazo na garantia).
Os fabricantes usam algumas estratégias para garantir o seu lucro. Posso citar como exemplo uma máquina de lavar que tenho, da tão conhecida e badalada marca Brastemp. Queimou um dos componentes eletrônicos dela, mas como a peça onde o componente estava instalado era lacrada com resina, tive que trocar a peça toda. Saiu só R$ 600,00 a troca. O técnico que fez a substituição me disse que se não houvesse a tal resina, sairia exatamente R$ 60,00. Cinquenta a mão de obra e dez reais o componente, seria retirado o defeituoso e soldado o novo. E o que aconteceu com a peça inteira? Foi parar no lixo, criando mais um problema, o da estocagem do lixo que geramos.
Fico imaginando quantos destes exemplos pipocam por aí. E não só com os eletrodomésticos, mas com todos os bens de consumo.
Tenho alguns móveis que tem mais de 30 anos, feitos de madeira de lei. Nunca deram cupim ou se desmancharam pelo tempo. Atualmente os móveis duram até a primeira mudança de lugar. Depois já começam a se soltar, esfarelar, os cupins fazem festa.
E o pior disso tudo, pelo menos no meu entendimento, é que estamos transferindo este conceito para todos os aspectos da nossa vida.
As pessoas viraram descartáveis. No exato momento em que uma relação deixa de dar lucro, nos livramos do outro e vamos atrás de um novo.
Talvez por eu sempre, desde criança, ter vontade de descobrir as coisas (desmontava brinquedos, rádios e outras coisas para ver como funcionavam, ou então, para tentar arrumar) fico perplexo ao ver como são descartadas coisas praticamente novas, algumas simplesmente porque lançaram um produto igual, mas mais "moderno". Hoje é mais fácil colocar um aparelho defeituoso no lixo e comprar outro, do que esperar que um técnico faça o conserto. Sendo que a maioria das pessoas não se preocupa em doar para alguma instituição de caridade que vá recuperar o que estragou, simplesmente vai parar no lixo e, nem sempre no lixo reciclável.
Tem uma frase do Bob Marley que retrata muito bem o sentimento que tenho: "Se as coisas foram feitas para usar e as pessoas para Amar, porque usamos as pessoas e amamos as coisas?"
Cada dia que passa estamos mais perto de ver uma tragédia acontecer. Os conflitos gerados pela busca do poder estão pipocando por todos os lados e, não podemos esquecer, que em alguns destes conflitos, pelo menos um dos lados já possui um arsenal de armas atômicas. E isso porque? Simplesmente para que um determinado grupo possa exercer o poder sobre o outro, obtendo dai mais lucro.
Alguns poderão achar que o que escrevi sobre as guerras não tem relação com o resto do texto, mas se analisarmos friamente, veremos que existe uma enorme relação. Pois as grandes empresas tem interesse em dominar um mercado onde não se fazem presente e, com isso, acabam também financiando e fornecendo seus produtos para a máquina de guerra.
Já me disseram que tenho uma visão utópica da vida e que sozinho não conseguirei mudar o Mundo. E concordo que sozinho não tenho força, por isso procuro fazer a minha parte. Dizer o que penso. Plantar algumas sementinhas nas cabeças e nos corações daqueles que consigo, procurando estimular as pessoas a repensarem no que fizemos até hoje e a pensarem naquilo que realmente é importante para o Amanhã.

Tenham sempre muita luz, paz, Amor e harmonia.

Porto Alegre, 30 de novembro de 2010.

Carlos Eduardo
Ser Humano

PS: para quem não entendeu o Ser Humano abaixo do meu nome, é a minha qualificação. Alguns são terapeutas, Phd, doutor, mestre, e assim por diante. Eu sou apenas um Ser Humano.