domingo, 27 de fevereiro de 2011

Divagando sobre cozinhar e viver

Pois é, depois de um certo tempo sem divagar, aqui estou eu novamente.
Domingo, fim de tarde. Depois de uma noite de pesadelos, resolvi aproveitar os últimos raios de sol de mais um dia para praticar uma das minhas terapias, cozinhar. O forno funcionando, algumas panelas fervilhando e o pensamento assimilando a magia da vida.
Fiquei relembrando de um dos pesadelos que tive, foram alguns esta noite. No final deste, acabei sendo assassinado.
Apesar de ter ficado cansado, não me senti chocado, pois não é a primeira vez que sonho com a minha morte.
Na verdade, já morri e renasci muitas vezes nesta mesma vida. Iniciei e encerrei vários ciclos, alguns mais curtos, outros mais longos. Alguns leves e tranquilos, outros extremamente difíceis e pesados.
Vários destes ciclos foram entrecruzados, vividos simultaneamente. E, em cada um dos que completei, sempre procurei tirar lições que me servissem para outros ciclos.
Ainda cometo alguns erros conhecidos, já praticados, mesmo sabendo que não terei um resultado diferente. Passo por períodos que tenho vontade de mandar tudo e todos para longe, sendo que na verdade, no meu Interior, quem queria estar longe era eu, no meio da natureza, procurando uma forma de lidar com meus medos, com meus erros e acertos, enfim, uma forma de me Interiorizar.
Apesar de em alguns dias ainda ser tomado por esta vontade, sei que posso fazer isso em qualquer lugar. É um pouco mais complicado de fazer cercado por pessoas, por pensamentos e energias as mais variadas, mas ainda assim é possível.
Acho que um dos motivos de ter transformado o cozinhar em uma terapia é exatamente a possibilidade de aprender em cada prato preparado. Cada alimento tem seu tempo certo de cozimento. Os temperos precisam ser usados com parcimônia, senão acabam roubando todo sabor dos outros ingredientes. Até o preparo de um simples churrasco se transforma num ritual. A escolha das carnes, preparar o fogo, espetar e, depois, ficar controlando para que o assado seja uniforme. Se cozinhamos por mais tempo do que o necessário, a carne seca e perde o sabor, se assamos pouco tempo, ela fica quase crua. Pode não parecer, mas o ato de cozinhar é um processo alquímico. A transformação da matéria prima em outra matéria elaborada, ou seja, dos metais comuns em Ouro. E este processo é o mesmo que acontece dentro de cada um de nós. Nossas experiências e vivências vão nos lapidando. Quando aproveitamos estas para aprender, estamos nos transformando no Ouro Alquímico, nos transformando em pessoas mais nobres. Mas se simplesmente passamos pela vida, sem procurar aprender, precisaremos recomeçar todo o processo novamente.

Tenham sempre muita luz, paz, Amor e harmonia.
Carlos Eduardo
Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011.