domingo, 10 de outubro de 2010

Divagando pelo dia das crianças

Pois é gente, mais uma daquelas datas consideradas especiais está se aproximando, só espero que não achem que estou falando do segundo turno das eleições...rsrsrs
Dia das Crianças, dia de Nossa Senhora Aparecida e, também é o dia em que uma das pessoas mais especiais da minha vida faz aniversário, minha mãe.
Creio que a maioria conhece a minha opinião sobre estas datas, sobre o que penso da exploração comercial que acontece nestas épocas e, também, sobre eu achar que todos os dias e datas são especiais e merecem ser vividos em sua plenitude.
Todos somos crianças ainda, independente da idade que temos no momento. Ainda estamos aprendendo a caminhar, a nos equilibrar sobre as pernas de nossos sentimentos e emoções.
Brincamos de ser gente grande. Brincamos com este Mundo imaginário, cheio de necessidades materiais e deveres sociais. Brincamos de ser responsáveis.
Da mesma forma que brincamos de tudo isso, estamos sempre aprendendo o bê-a-bá da vida, no jardim da infância colorido e diversificado chamado Planeta Terra.
Algumas pessoas, entre elas eu, gostam de brincar com as palavras, outros preferem brincar de esconde-esconde (muitos se escondem de si mesmos), e para cada brincadeira que imaginarmos, sempre haverá uma criança grande para fazer uso dela.
Quem nunca brincou de ter uma profissão? Mecânico, médico, engenheiro, psicólogo... Passamos uma boa parte do nosso tempo brincando, mesmo que em muitos momentos a brincadeira seja por demais chata.
Infelizmente, uma das brincadeiras mais praticadas pelas crianças adultas é o faz de conta. Fazemos de conta que gostamos de política, que precisamos nos distrair vendo o noticiário da tv, que as pessoas perderam a inocência, que o Mundo vive uma enorme crise ética, fazemos de conta que nos vestir com roupas de grife nos torna melhores, que termos o carro mais caro, ou uma casa enorme são coisas que nos trazem felicidade, brincamos de fazer de conta que o sentimento dos outros é supérfluo ou, pior ainda, é mais um dos "nossos" brinquedos.
Ainda lembro dos carrinhos que fazia de lata de azeite, das bolas improvisadas com papel e fita adesiva, ou então com meias. Não que eu não tivesse brinquedos comprados em lojas, mas porque era uma forma de dar vazão a criatividade inerente a toda criança.
Procuro até hoje fazer castelos de areia, sentar no chão, brincar na água. Ainda tem dias que nem lembro de lavar as mãos somente pela vontade de me grudar numa fatia de bolo(no meu tempo de criança isso era considerado vitamina,a famosa vitamina "S", da sujeira, que nos ajudaria a criar anticorpos naturais) ou outra guloseima qualquer.
As gurias dificilmente passaram por uma experiência que nós, guris, passamos. Quando brincávamos de jogar futebol, o dono da bola era sempre o mais importante, pois se a vontade dele fosse contrariada, ele simplesmente recolhia a bola e acabava o jogo. E quantas vezes brincamos assim, até hoje, na nossa vida diária? Quantas vezes temos que simplesmente aceitar o que o chefe, o patrão, ou nossos colegas dizem e fazem para que não termine o nosso jogo? A mesma coisa acontece com casamentos, namoros e relacionamentos diversos.
Tem alguns dias que me esqueço que cresci (tudo bem, faltou um pouquinho de fermento na minha massa...rsrsr) e, ao andar na rua, vendo um pé de ameixa, de pitanga ou de amoras carregado, simplesmente ataco, sem me preocupar com o que os outros vão pensar.
Lembro de muitas vezes em que eu caia, me machucava, esfolava todo, mas mesmo assim, não parava para me preocupar com a dor, simplesmente passava a mão pelos lanhados para dar uma limpada e voltava a brincar. E hoje vejo que muitas vezes caio, e fico ali estatelado no chão, preocupado com a dor, me sentindo sem forças para levantar e continuar a brincadeira.
É, algumas das coisas da infância se perderam no caminho, tais como a inocência, a vontade de superar obstáculos, de conhecer coisas novas, a coragem e a falta de conceitos pré-estabelecidos, mas uma coisa continua sempre bem viva, que é o poder de criar diferentes realidades dentro de cada um de nós.
Que a criança interior de cada um de nós permita que criemos um mundo de igualdades, cheio de alegria, pureza e harmonia.
Muitos beijos com gostinho de jujabas e abraços cobertos de barro....rsrsr
Tenham sempre muita luz, paz, harmonia e Amor.

Carlos Eduardo
Porto Alegre, 10 de outubro de 2010.