domingo, 15 de fevereiro de 2015

Divagando o respeito.

Seguido vejo pessoas com mais idade relembrando de como era a vida antigamente. Normalmente as recordações vem acompanhadas do pensamento de que era tudo uma maravilha e muito melhor quando comparado aos dias de hoje.
Falam dos valores morais elevados como se de uma hora para outra houvessem caído num abismo em que tudo se perdeu.
Mas, sinceramente, será que era assim mesmo?
Existia respeito verdadeiro ou este foi conquistado através da força e da tortura psicológica?
As crianças eram submissas aos mais velhos, o que deixava a impressão de haver respeito. Olhando mais a fundo fica claro que era apenas uma força hierárquica, uma imposição de valores e o consequente adestramento para que este conceito fosse aceito. Aqueles que fugissem do padrão comportamental exigido seriam castigados. Se faziam distinções bem claras entre quem mandava e quem deveria obedecer.
Muitos dos que sentem falta do passado são os fomentadores da radical mudança que vemos hoje. Se antes era preciso se submeter, hoje existe uma batalha para provar quem tem mais valor. Não existe aceitação do que foi imposto como norma e vemos uma rebeldia que em muitos momentos se torna violenta, como se aqueles anos de opressão tivessem criado vida própria e estivessem se manifestando com toda sua força neste momento.
As condutas impostas alimentaram esta rebeldia. O não querer ser ou fazer igual aos nossos antepassados nos fez ir para o outro extremo. Todos os velhos valores precisam ser combatidos e massacrados. Os oprimidos querem vingança e se transformam em algozes, procurando punir os mais velhos.
E o pior de tudo é que isto acontece sem que a maioria se de conta.O inconsciente coletivo tenta reparar aquilo que considera errado, fomentando uma ruptura total com tais padrões. Se antes existia uma forte opressão, hoje a permissividade toma conta.  Aquilo que chocava passa a ser natural. Formas-pensamento se moldam, criando uma realidade oposta ao que existia.
A falta de compreensão da nossa natureza nos leva a ficar indo de um extremo ao outro. Não conseguimos estabelecer uma relação de companheirismo, de aprendizado mútuo, de harmonia e, consequentemente, de respeito, pois ainda estamos preocupados em provar qual dos extremos é o melhor. A competitividade continua sendo mais forte do que a coletividade. Nosso ego ainda precisa se alimentar do poder que a sensação de ser o melhor nos dá. Só que não pode existir um vencedor sem que hajam perdedores, e isto continua alimentando a competitividade.

Bagé, 15 de fevereiro de 2015.

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