segunda-feira, 11 de junho de 2012

Divagando-me

Quem sou eu?
Já tem algum tempo esta pergunta vem tomando conta de mim.
E, até agora, a única resposta que encontro é que sou um poço de divergências ambulante.
Passo muito tempo numa luta interna, entre a minha natureza e aquilo que a sociedade espera de mim.
A minha natureza se transforma numa ameaça ao status quo, pois tenho convicção que podemos mudar esta forma doentia que temos de nos relacionar com o que nos cerca. Ouço quase que diariamente que sou um sonhador, um utopista. Que a realidade que eu vejo é muito bonita, mas impraticável. Que talvez eu devesse usar esta minha facilidade em lidar com as palavras para escrever uma série de livros baseadas nesta minha utopia, pois assim ao menos eu ganharia muito dinheiro. Mas esta seria uma forma de eu me vender a este sistema e, consequentemente, de me afastar cada vez mais da minha natureza interior.
Quando digo que sou uma ameaça, não é porque eu saio por aí apontando uma arma para as pessoas, mas sim porque as minhas ideias são subversivas e abalam a zona de conforto em que se encontram. E aqui posso dizer que a minha "paralisia" também é porque estou numa zona de conforto, onde eu sei exatamente o que vai acontecer.
Como todo animal, também sou condicionável. Os conceitos familiares e sociais influenciam naquilo que sou hoje, mesmo que eu conheça razoavelmente bem a minha "bagagem existencial". Alguns "pré-conceitos" adquiridos se chocam com o que meu Ser acredita, fazendo com que eu gaste uma energia muito grande de forma improdutiva.
Muitas vezes preciso  fugir deste confronto entre o meu Ser e o meu Ego. Criar uma realidade mais agradável, mesmo sabendo que sempre chega um momento onde retorno para a "realidade Real".
Já me disseram que quando me abro através das minhas divagações, estou procurando me fazer de coitadinho ou então buscando aceitação dos outros, mas eu acredito que esta seja a forma que eu encontrei de olhar com mais clareza para minhas vivências. Mesmo que exista um lado sombrio em mim, o qual poucos conhecem, acabo jogando luz através da releitura da minha existência.
Como eu posso ter tanta facilidade em "clarear" a vida dos outros, mas com a minha normalmente não consigo fazer o mesmo? Por que toda vez que a vida volta a fluir com naturalidade eu deixo que o medo me sufoque? 
Por volta dos meus 29 anos, fiz terapia com uma psicóloga. Depois de uns 3 meses de tratamento, ela me convidou para trabalhar com ela, sendo acompanhante terapêutico dos pacientes dela. Segundo ela, isso me ajudaria a enxergar melhor as qualidades que tenho e a entender determinadas reações que eu apresento, algo como um espelho, no qual eu refletiria os meus "problemas" na imagem dos pacientes.
Isso realmente me permitiu ter uma nova perspectiva, assim como me ajudou a entender cada vez mais o comportamento humano. O que nem sempre é fácil de lidar. Saber o que leva as pessoas  a agirem de acordo com determinados padrões ajuda no processo de auto-conhecimento que venho fazendo. 
Hoje reconheço cada uma das minhas máscaras, dos meus personagens. Sei das minhas virtudes e também sei que sou manipulador, prepotente, cabeça-dura, arrogante, crítico, entre outros defeitos.
Também me questiono muito sobre esta minha característica de ajudar os outros. Até que ponto faço isso de forma desapegada? Será que faço em busca de aceitação? Ou para fugir de mim mesmo? Além do fato da vontade de ajudar ser parte do meu Ser, o que mais está escondido nesta atitude? Pois nem sempre faço isso somente de coração, só que ainda não define que outra intenção está presente. Pode ser também uma forma de parecer ser bonzinho e me redimir dos meus "pecados"?
E este último questionamento surge cada vez que aqueles que eu ajudo dizem que sou um "anjo", alguém que está mais adiantado, que é mais evoluído.
Só que sou humano. Tenho meus medos, minhas culpas, minhas fraquezas e angústias como todo mundo.
Como sou predominantemente sentimental, vivo procurando explicações. Ser sentimental não é aquela coisa de ser meloso, mas sim de vivenciar todas as emoções de uma forma intensa.
Junto a este desequilíbrio vem a sensibilidade de captar energias diversas, que já me disseram precisa ser trabalhada pelo meu lado racional, filtrando o que quero ou não captar. E sei que preciso me "adestrar". Treinar sempre que lembrar aquelas coisas que preciso modificar. Somente assim elas viram rotineiras e passam a fluir normalmente.
Algumas pessoas sabem o principal medo que me paralisa. Tenho medo da bagagem que carrego. Não que ela seja um fardo pesado, apesar de terem fatos que são. O que me aprisiona é a possibilidade de eu fazer novamente um uso errado desta bagagem.
Já vi muita gente boa fazer isso. E como conheço pedaços de outras vidas bastante pesados, onde o Ego foi completamente  corrompido pelo poder, pela ganância e pelo status, fico temeroso que isso possa se repetir. Mesmo sabendo que o que me foi permitido ver faz parte de um processo de cura e perdão, ainda não me acho capaz de usar meu conhecimento de forma tranquila.
Meu lado profissional fica trancado também, pois meu desenvolvimento tem que ser como um todo. Meu aspecto material precisa andar junto com meu aspecto espiritual/energético, com meu aspecto sentimental e com o racional. Em harmonia e equilíbrio.
Muitas vezes achei que tinha conseguido me livrar de algumas correntes do passado, mas hoje percebo que a maioria delas eu apenas soltei de mim e larguei no chão, mas depois de alguns passos eu acabo me enroscando de novo. Então me resta me libertar de novo e, desta vez, derreter estas correntes e transformá-las em algo que me auxilie a seguir adiante.

Porto Alegre, 11 de junho de 2012.
Carlos Eduardo

Tenham sempre muita luz, paz, harmonia e Amor.



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