quarta-feira, 6 de abril de 2011

Divagando sobre estímulos.

Para aqueles que receberam as minhas divagações iniciais deve parecer que virei relaxado, pois nunca mais escrevi que estava limpando algo ou fazendo faxina...rsrsrsrs
Mas continuo limpando tudo e os pensamentos junto.
Nas últimas semana o assunto silêncio tem aparecido de diferentes formas. Recebi dois ou três textos por e-mail que falavam sobre ele. Também li um artigo em um jornal mensal daqui de Porto Alegre. Sem contar algumas críticas por eu me silenciar frente a fatos que não merecem atenção.
Isso me levou a questionar: o que nos leva a precisar do barulho? Que tipo de fuga ou de resposta procuramos no meio de tantos estímulos?
Estamos tão acostumados com o excesso, que nem mesmo quando dormimos ficamos em silêncio. O sono é agitado, algumas necessidades se manifestam nos sonhos, tornando-os cheios de vida, de medos, ansiedade, stress. Dificilmente estamos em algum "porto seguro", cercados pela paz, pela natureza, pelo cantar dos pássaros ou o ritmo das ondas quebrando.
Quando nos reunimos com amigos temos dificuldade para manter um diálogo. Existe uma tv ligada ou alguma música, além do barulho normal das pessoas, das conversas e risadas. Os ruídos são tantos, nos mais diferentes níveis e frequências, atingindo diferentes partes do nosso Ser, operando de acordo com a vibração recebida, que precisamos falar cada vez mais alto para podermos ser ouvidos.
Quanto mais estímulos recebemos, mais queremos, pois o excesso acaba desequilibrando o nosso padrão interior, nos dando uma sensação de vazio quando estamos em silêncio. Anestesiamos o nosso próprio Eu, dificultando o trabalho de interiorização.
Quem ainda não passou pela experiência de estar parado no trânsito e daqui a pouco o carro começa a sacudir, pois alguém próximo está ouvindo um tumtumtum a todo volume? Ou então ao andar na rua ou num ônibus, mais de uma pessoa com seu celular ligado no modo rádio, normalmente tocando algum rap ou pagode? A necessidade de barulho é tanta que precisamos fazer com que aqueles que nos cercam participem da nossa algazarra.
Se trocarmos a palavra barulho por estímulo, então a situação é pior ainda. Nas ruas, as cores se misturam. Casas e prédios, que até alguns anos atrás recebiam cores mais sóbrias nas suas fachadas, hoje em dia abusam das cores e se misturam as vitrines das lojas, cheias de produtos e cores, além das propagandas espalhadas em outdoors. Isso sem falar nos cheiros.
Quantas pessoas chegam em casa depois de um dia de trabalho ou depois da aula com dor de cabeça? Cansados? Alguns com náuseas? Procuram os mais diferentes médicos e não descobrem a causa dos seus sintomas? Eu diria que elas sofrem de overdose de estímulos.
São tantos e tão diferentes que acabam forçando nosso cérebro a trabalhar acima de sua funcionalidade normal. Estes mesmos estímulos desregulam nosso sistema nervoso, tornando muitas pessoas ansiosas, hiperativas e gerando stress.
Este processo de hiper-estimulação sensitiva está atingindo níveis críticos. Acordamos e ligamos algum aparelho eletro-eletrônico (rádio, cd, mp3, tv,...). Durante as refeições, normalmente existe uma televisão no local. Muitos ao entrarem no banho, colocam música para "relaxar", apesar de achar que um dos barulhos mais relaxantes que existem é o da água caindo, mesmo que seja do chuveiro, é claro que aqui não falo de uma torneira pingando, pois este pode ser um barulho extremamente irritante.
Agora imaginem o que acontece quando se está limpando a casa, é quase uma regra as pessoas colocarem música neste momento. Aí vão passar aspirador em alguma coisa, o que acontece? A música se torna quase inaudível. O que acabamos fazendo? Desligamos a música??? Não, aumentamos o seu volume. Elevamos o barulho, ao invés de diminuir.
Lembrei que alguns anos atrás chegou as minhas mãos uma série de exercícios para melhorar os sentidos. A maioria deles visava privar um dos nossos sentidos para que os outros fossem estimulados. Pratiquei aqueles que poderiam ser feitos individualmente.
Em um destes exercícios acabei sentindo tontura e enjôo. Para fazer, era necessário colocar algodão nos ouvidos e depois amarrar um pano, de forma que não conseguisse escutar nada. Após isso, deveria colocar as mãos em uma caixa de som, tanto fazia o tipo de som que saísse dela, apenas precisava sentir a pulsação do som através do tato. Para melhorar mais ainda, pedia que usasse um video-cassete (hoje em dia DVD), mas rodando o filme na velocidade máxima. Sinceramente, não aconselho fazer os dois juntos. Mas após ter feito, passei a valorizar bem mais o silêncio, ou melhor, os estímulos suaves, equilibrados. O estar em contato com a natureza, que apesar de todo seu colorido, cheiros e sons, formam um conjunto extremamente harmônico, que relaxam. Diferentemente daquilo que ocorre nas nossas cidades, onde o barulho de carros, buzinas, sirenes, se mistura ao cheiro da poluição e as impressões visuais mais variadas e berrantes.
Pois é, acho que acabei de fazer mais uma limpeza aqui nos meus pensamentos...rsrsrsrsr

Tenham sempre muita luz, paz, Amor e harmonia.
Porto Alegre, 06 de abril de 2011.
Carlos Eduardo

Nenhum comentário: