Desilusão, preocupação e preconceito.
Pois é. Quantas vezes estas três palavras aparecem no cotidiano de cada um de nós?
A desilusão (des-ilusão) é algo que todo ser humano já passou pelo menos uma vez na vida. Quando separamos ela em duas partes, ou seja, separamos o des da ilusão, percebemos que ela só acontece porque insistimos em nos iludir. Criamos uma imagem de como a coisa (pessoas, empregos, fatos) deveriam ser e, como elas não se enquadram perfeitamente bem na nossa projeção (ilusão), acabamos nos iludindo. Posso citar uma série de exemplos. O político que durante a campanha vai nas vilas/favelas, come em restaurante de 1 real, pega crianças de rua no colo, promete que vai acabar com a fome, a miséria, a corrupção, entre tantos outros males que afligem o povo, só que depois de eleitos, este mesmo político acaba esquecendo das promessas (ilusões) que fez. Jamais volta a pisar numa favela, a não ser que seja para inaugurar alguma obra ou então para tentar a reeleição. Colocaria no mesmo rol as campanhas publicitárias, onde se vincula a imagem de um produto com o sucesso, se beberes tal cerveja vais ser melhor que os outros ou se comprares tal roupa, os homens ao ficar babando por ti. Encheria páginas e mais páginas dando exemplos de ilusões criadas, as quais, na grande maioria dos casos acaba se transformando, mais cedo ou mais tarde, em uma desilusão. Quem nunca se apaixonou por outra pessoa e criou um ser sobrenatural? E a medida que o relacionamento foi se desenrolando, se sentiu desiludido?
Só pode se desiludir quem se iludiu. E aqui queria chamar a atenção para um fato que muitos não se dão conta. Normalmente relacionamos a desilusão a uma coisa ruim, mas não necessariamente tinha que ser. Só que como estamos tão arraigados nos preconceitos, dizemos simplesmente que nos enganamos. Muitos já devem ter passado por esta situação, na qual vamos fazer alguma coisa que não queríamos e depois de feito percebemos que aquilo que fizemos era maravilhoso. Não pensamos que nos desiludimos por achar que aquilo era ruim e vimos que era algo bom, mas se analisarmos friamente, foi exatamente o que aconteceu, uma desilusão positiva.
Já que falei dos preconceitos(pré-conceitos) arraigados, vou aproveitar a deixa. Com quantos preconceitos é formada a nossa visão de Mundo? Quando somos crianças, vários conceitos estabelecidos pelos outros nos são transmitidos como sendo a Verdade Absoluta. Vejamos o caso da visão que existe em muitos países sobre o Brasil. Nós somos o país do carnaval, do futebol e da bunda (mulheres semi-nuas ou nuas, que só valorizam o seu corpo). Será que o Brasil realmente é só isso? Podemos pensar também numa das máximas sobre a política - político é tudo safado. Sei que a grande maioria é, mas não é justo colocarmos todos no mesmo saco.
Ao transmitirmos determinados valores as nossas crianças, estamos criando seres preconceituosos. Falo isso pois já passei por situações em que andava na rua, numa noite quente, de chinelo de dedo, bermuda e camiseta, no sentindo contrário vinha uma mulher (ou mais de uma) e a primeira reação dela(s) ao chegarem mais perto é abraçar a bolsa, com medo de serem roubadas, deixando bem claro que homem de chinelo de dedo, bermuda e camiseta é assaltante/ladrão (pré-conceito).
Muitas vezes estamos cheios destes preconceitos, mas se nos perguntam se somos preconceituosos, dizemos que não, inclusive tendo aqueles "brancos" que dizem que tem muitos amigos negros (quer mais preconceito do que isso?). Por falar nisso, lembrei de uma experiência que passei. Fui almoçar na casa da família de uma ex-namorada. A empregada depois que eu sai perguntou a vó desta ex se ela não achava ruim a guria namorar um negro? Detalhe, ela, a empregada, era negra.
Peço desculpa se não estou sendo politicamente correto, usando negro ao invés de afro-descendente, mas não me preocupo com este detalhe, por achar que ele só cria mais preconceito ainda.
E, por falar em preocupar...rsrsr Ou melhor, pré-ocupar.
Quem nunca se preocupou com algo na vida?
É o filho que sai a noite e a mãe fica acordada até ele voltar, pré-ocupada se ele vai chegar bem, se vai beber muito, com quem anda, onde anda, etc..
Quanto tempo perdemos nos preocupando com coisas? Sendo que normalmente estas preocupações são infundadas. Já sei, vão me dizer que da maneira como as coisas andam, precisamos nos pré-ocupar muito, com tudo. Será mesmo?
Vai adiantar eu perder noites e mais noites de sono, ruminando sobre os problemas ou sobre contas a pagar? Conheço casos em que esta pré-ocupação só piorou a situação, pois a descarga continua de energia tóxica liberada nestas situações enfraqueceu tanto a pessoa que ela adoeceu, perdeu o emprego e acabou, com isso, agravando mais ainda o problema.
Tudo bem, não fomos educados(adestrados) para entender que até mesmo as situações ruins são um aprendizado. Sempre tentaram nos mostrar que a vida é uma novela ou um conto de fadas. Nos transmitiram vários conceitos(pré-conceitos) e ilusões(que viraram des-ilusões), mas não precisamos passar o resto da nossa vida presos aquilo que nos foi dado de herança.
Tenham muita paz, luz, harmonia e Amor em suas vidas.
Carlos Eduardo
Porto Alegre, 10 de setembro de 2010.
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