terça-feira, 30 de outubro de 2012

Divagando o fim de outubro.

Outubro está chegando ao fim.
Mais uma vez o movimento das academias aumenta mais pessoas começam a se preocupar com o corpo (e não com a saúde), procurando melhorar a forma para não fazer feio no verão quando as roupas naturalmente tendem a expor mais partes que durante as épocas frias ficam escondidas.
Curiosamente, o mês de dezembro é aquele que marca o início do verão, mas é também o mês onde mais descuidamos da nossa forma. São tantas confraternizações natalinas, seja com os amigos, familiares, colegas de trabalho/escola/faculdade, enfim, praticamente passamos um mês inteiro comendo e bebendo de tudo.
Mas voltando a outubro, seu último dia é marcado pelo Halloween.  Esta celebração tem origem numa tradição antiga, numa celebração celta, que representaria o final do verão. O Samhain, que era celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro, era uma festividade que pretendia cultuar os mortos.
Com o passar dos tempos, as mudanças no poder foram distorcendo o verdadeiro significado desta festa. E, com o domínio da Igreja, esta comemoração passou a ser feita em um único dia.
Se olharmos as diversas versões históricas que temos sobre a humanidade, percebemos que o homo sapiens sempre cultuou e respeitou o papel da mulher na formação cultural/social dos povos. Só que com o passar do tempo e com o poder passando a ser representado por entidades estritamente patriarcais, pois se acreditava que para comandar qualquer instituição seria necessário ser forte (ter força física) e que esta é uma característica predominantemente masculina, chegou-se a conclusão que a mulher não poderia ter poder, por ser ela um ser frágil se comparada ao homem.
Esta visão pode ser testada com a Bíblia e a estrutura da Igreja Católica. Na criação do mundo, Deus (descrito como um “velhinho de barbas brancas”) cria Adão e, depois de uma costela do mesmo, Ele faz a mulher. Por que será que é assim? Teria por acaso surgido esta versão para contrapor-se ao dom natural que as mulheres têm de carregar por nove meses uma vida e depois, ao parir, possibilitar que esta vida faça sentido? Seria uma forma de obrigar as mulheres a reconhecerem um poder que os homens queriam ter, mesmo que se valendo da força?
Sem a junção do princípio Masculino com o Feminino não pode existir geração, quer seja de uma vida, quer seja de um projeto.
A sensibilidade feminina representava um problema grandioso.
O poder que elas tinham em influenciar de forma simples nas decisões mais importantes, pois ao usarem sua sensibilidade conseguiam ter uma visão mais ampla, possibilitando que distinguissem com mais facilidade o que iria beneficiar poucos ou o que viria em benefício do Todo e, como faziam uma pressão sutil nos seus maridos, sem precisar do uso da força, viraram um perigo aqueles que tinham fome de poder.
Foram sendo criadas formas de tolher este poder natural e com isso alguns mitos precisaram ser criados para dar embasamento ao poder masculino.
As bruxas, ou seja, aquelas mulheres que tinham uma facilidade maior de lidar com seu lado espiritual/energético surgiram exatamente para desencorajar as mulheres de usarem sua sensibilidade. Devendo elas apenas obedecer ao homem e servi-lo, sem questionar, sem opinar, sem direitos, mas com uma bagagem enorme de deveres.
 Usando a Bíblia novamente veremos que esta visão fica facilmente identificável em diversos pontos. Além de Eva ter sido criada da costela de Adão, vemos que o pecado original surgiu quando a mesma Eva ao ouvir a cobra (sua intuição) comeu o fruto proibido.
Também vemos isso na criação da Virgem Maria, pois Jesus não poderia ser gerado de forma natural, através da união carnal entre o masculino e o feminino. Era preciso se criar um fato que O tornasse superior e, com isso, surge um Anjo para semear Maria. Se ela fosse uma mulher normal, como todas as outras, Ele deixaria de ser superior. Ele não seria visto como um “Deus”, mas sim como uma pessoa normal. Então era preciso que a Mãe dele fosse abençoada com um sopro divino e desta forma ficasse grávida, sem ter sido corrompida pelo pecado do sexo (o que explica o celibato, pois quem pratica o ato sexual não é puro, foi corrompido pelo poder de sedução da Bruxa/Mulher).
Outro exemplo é Maria Madalena, que é descrita por historiadores e estudiosos como esposa de Jesus, mas que na bíblia aparece como uma prostituta. Foi necessário associar esta alcunha a ela, para que se desligasse a sua imagem a imagem de Jesus.
Usei estes exemplos não como forma de atacar uma ou outra religião, mas sim para mostrar como é fácil se criar “pré-conceitos” baseados em situações mal explicadas.
Espero que este final de outubro não sirva apenas para se festejar o Halloween, mas que possamos realmente celebrar os Princípios Masculino e Feminino, que possamos nos abrir a nossa intuição e a nossa “sensibilidade” (Feminino), da mesma forma que nos abrimos ao lado prático e racional (Masculino).
Porto Alegre, 30 de outubro de 2012.
Carlos Eduardo


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