Mais uma vez o movimento das academias aumenta mais pessoas começam a
se preocupar com o corpo (e não com a saúde), procurando melhorar a forma para
não fazer feio no verão quando as roupas naturalmente tendem a expor mais
partes que durante as épocas frias ficam escondidas.
Curiosamente, o mês de dezembro é aquele que marca o início do verão,
mas é também o mês onde mais descuidamos da nossa forma. São tantas
confraternizações natalinas, seja com os amigos, familiares, colegas de
trabalho/escola/faculdade, enfim, praticamente passamos um mês inteiro comendo
e bebendo de tudo.
Mas voltando a outubro, seu último dia é marcado pelo Halloween. Esta celebração tem origem numa tradição
antiga, numa celebração celta, que representaria o final do verão. O Samhain,
que era celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro, era uma festividade que
pretendia cultuar os mortos.
Com o passar dos tempos, as mudanças no poder foram distorcendo o
verdadeiro significado desta festa. E, com o domínio da Igreja, esta
comemoração passou a ser feita em um único dia.
Se olharmos as diversas versões históricas que temos sobre a
humanidade, percebemos que o homo sapiens sempre cultuou e respeitou o papel da
mulher na formação cultural/social dos povos. Só que com o passar do tempo e
com o poder passando a ser representado por entidades estritamente patriarcais,
pois se acreditava que para comandar qualquer instituição seria necessário ser
forte (ter força física) e que esta é uma característica predominantemente
masculina, chegou-se a conclusão que a mulher não poderia ter poder, por ser
ela um ser frágil se comparada ao homem.
Esta visão pode ser testada com a Bíblia e a estrutura da Igreja
Católica. Na criação do mundo, Deus (descrito como um “velhinho de barbas
brancas”) cria Adão e, depois de uma costela do mesmo, Ele faz a mulher. Por
que será que é assim? Teria por acaso surgido esta versão para contrapor-se ao
dom natural que as mulheres têm de carregar por nove meses uma vida e depois, ao
parir, possibilitar que esta vida faça sentido? Seria uma forma de obrigar as
mulheres a reconhecerem um poder que os homens queriam ter, mesmo que se
valendo da força?
Sem a junção do princípio Masculino com o Feminino não pode existir
geração, quer seja de uma vida, quer seja de um projeto.
A sensibilidade feminina representava um problema grandioso.
O poder que elas tinham em influenciar de forma simples nas decisões
mais importantes, pois ao usarem sua sensibilidade conseguiam ter uma visão mais
ampla, possibilitando que distinguissem com mais facilidade o que iria
beneficiar poucos ou o que viria em benefício do Todo e, como faziam uma
pressão sutil nos seus maridos, sem precisar do uso da força, viraram um perigo
aqueles que tinham fome de poder.
Foram sendo criadas formas de tolher este poder natural e com isso
alguns mitos precisaram ser criados para dar embasamento ao poder masculino.
As bruxas, ou seja, aquelas mulheres que tinham uma facilidade maior de
lidar com seu lado espiritual/energético surgiram exatamente para desencorajar
as mulheres de usarem sua sensibilidade. Devendo elas apenas obedecer ao homem
e servi-lo, sem questionar, sem opinar, sem direitos, mas com uma bagagem
enorme de deveres.
Usando a Bíblia novamente
veremos que esta visão fica facilmente identificável em diversos pontos. Além
de Eva ter sido criada da costela de Adão, vemos que o pecado original surgiu
quando a mesma Eva ao ouvir a cobra (sua intuição) comeu o fruto proibido.
Também vemos isso na criação da Virgem Maria, pois Jesus não poderia
ser gerado de forma natural, através da união carnal entre o masculino e o
feminino. Era preciso se criar um fato que O tornasse superior e, com isso,
surge um Anjo para semear Maria. Se ela fosse uma mulher normal, como todas as
outras, Ele deixaria de ser superior. Ele não seria visto como um “Deus”, mas
sim como uma pessoa normal. Então era preciso que a Mãe dele fosse abençoada
com um sopro divino e desta forma ficasse grávida, sem ter sido corrompida pelo
pecado do sexo (o que explica o celibato, pois quem pratica o ato sexual não é
puro, foi corrompido pelo poder de sedução da Bruxa/Mulher).
Outro exemplo é Maria Madalena, que é descrita por historiadores e
estudiosos como esposa de Jesus, mas que na bíblia aparece como uma prostituta.
Foi necessário associar esta alcunha a ela, para que se desligasse a sua imagem
a imagem de Jesus.
Usei estes exemplos não como forma de atacar uma ou outra religião, mas
sim para mostrar como é fácil se criar “pré-conceitos” baseados em situações
mal explicadas.
Espero que este final de outubro não sirva apenas para se festejar o
Halloween, mas que possamos realmente celebrar os Princípios Masculino e
Feminino, que possamos nos abrir a nossa intuição e a nossa “sensibilidade”
(Feminino), da mesma forma que nos abrimos ao lado prático e racional (Masculino).
Porto Alegre, 30 de outubro de 2012.
Carlos Eduardo
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