Fico impressionado com o Poder enorme que outorgamos aos outros.
Já perdi as contas de quantas vezes me disseram que eu sou o motivo para que alguém sofra, ou que, ao contrário, faço com que a pessoa consiga ser feliz.
Também já coloquei este mesmo Poder nas mãos dos outros e, não só na mão de outros, como também nas coisas.
Sei que em termos de pessoas, a coisa é mais complicada. Que realmente existem pessoas que trazem tanta luz ao nosso caminho, nos dando mais forças para seguir em frente, assim como também existem aqueles que são verdadeiros vampiros, sugando toda a nossa energia e nos colocando para baixo. Mas, estas situações só acontecem porque nós mesmos permitimos isso.
Quando colocamos no exterior a responsabilidade pelas nossas emoções e sentimentos, abrimos mão de controlar a nossa própria vida.
Ficamos projetando o nosso bem estar como sendo algo que somos incapazes de trabalhar e, com isso, procuramos no mundo exterior uma forma de fechar o buraco que trazemos dentro de nós mesmos.
Muita gente já me disse que não consegue viver sem ter um amor, que precisam de alguém do lado para lhes dar vida. Como se o outro fosse um balão de oxigênio, sem o qual não conseguem respirar.
Me lembro de quando era criança. Certa vez eu havia ganho do meu dindo um presente de Natal. Era um helicóptero preso por uma haste metálica a uma base. Tinha um bonequinho dentro de um barco. O objetivo o brinquedo era resgatar o bonequinho, usando o helicóptero.
Adorei o presente, fiquei muito feliz. Neste dia estávamos brincando eu e meus dois irmãos. Meu irmão do meio ficava pulando a cada volta que o helicóptero fazia. Só que num dos pulos ele errou e quebrou o meu brinquedo. Acho que este foi o primeiro momento da minha vida em que tive contato com a tristeza. Todos tentavam me consolar. Mas era impossível. Passei da extrema alegria a uma tristeza profunda em questão de pouquíssimas horas.
Nem sempre na nossa vida as sensações variam de forma tão rápida, podendo em alguns casos durar anos cada um dos extremos. Como minha felicidade estava ligada aquele brinquedo, ela teria um tempo limitado de duração. Ao analisar isso hoje, percebo que muitas vezes agi da mesma forma depois de adulto. Isso acontecia com relacionamentos, dinheiro, saúde e tudo que me cerca. Enquanto o brinquedo funcionava, eu era feliz. Quando ele quebrava, a tristeza assumia o controle, até que um novo brinquedo surgisse para me fazer feliz.
Tenho trabalhado bastante isso internamente. Procurado dentro de mim a felicidade, mesmo nos momentos de tristeza. Não é algo muito fácil, mas voltando a criança, também não era fácil começar a falar, caminhar, andar de bicicleta, ler ou escrever.
Aprendi algumas lições com isso. Entendi que a felicidade não está ligada ao que se tem ou a quem se tem (até por que não me considero dono de ninguém), mas sim a forma como assimilamos as diferentes experiências que vivemos.
Tenham muita luz, paz, harmonia e Amor sempre.
Carlos Eduardo
Porto Alegre, 27 de setembro de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário